Faça Deus rir

Agora, com a página do Blogspot aberta, lembrei-me de um trecho do filme "Amores Perros" em que a menina fodida fala para o seu ex-amante fodido: “Se quisermos fazer Deus rir, basta lhe contarmos nossos planos". Não digo isso pela época de final de ano que nos faz repensar o que passou ou sonhar com o que virá, não. Mas, sim, pela constatação de que, na postagem anterior deste blog, me comprometera a atualizá-lo periodicamente (e não esporadicamente, com continuo a fazer).

Apesar de não crer em Deus, essa frase sempre se mantém presente. Talvez porque tudo o que faço, quando revejo, sinto que está meio torto (coisa de 70%) e sempre merece correção. Em estatística, mais precisamente econometria, usa-se um intervalo de confiança para se trabalhar com previsões – por exemplo: com 90% de certeza afirmamos que certa variável estará entre 8 e 10 pontos. Usam isso para a previsão do tempo, para as meta de inflação, crescimento de populações e sempre que se trabalha com previsão. Artimanha para não fazer ninguém rir.

Crédito da imagem: Wellington Souza

Você falar que se fizer isso, isso e aquilo e depois estará feliz, fará, certamente, 'Alguém' rir. E nem me refiro apenas às probabilidades de isso e aquilo não ocorrerem exatamente como se desejou, mas quantas vezes tudo foi perfeito (do latim: fazer inteiramente, terminar sem deixar afazeres) e ainda não ficamos felizes? A felicidade, de tão exata, chegar a ser intangível.

Felicidade, por conceito, é 'consciência plenamente satisfeita'. Isso quer dizer: não querer mais nada, nada mais desejar. Se você deseja que o momento não acabe, não é felicidade. Pois há certa angústia e essa felicidade não comporta medos ou preocupações. Felicidade é se considerar num eterno presente, imutável de tão sólido. Se você pensar: "Eu sou feliz?" Esqueça, ela não suporta questionamentos.

Por isso, sempre me lembro da frase. Sempre que encontro uma 'solução fenomenal' para os problemas que surgem (ou que invento, tanto faz), lá vem ela numa espécie de lembrança fantasiosa – ou mantra... é uma imagem toda negra com uma risada que começa imperceptível e vai se alongando... em ternas frações de segundos, até que a frase venha ditada por uma voz do além.

Mas isso não faz de mim um cara pessimista, que não crê em nada (somente no mito de Sísifo: aquele 'cara' da mitologia grega que é condenado a ficar subindo uma pedra montanha acima... e, sempre que chega ao destino, ela desce novamente e ele reinicia o trabalho indefinidamente). Acredito, como Camus, que muitas pessoas agem assim... mas, se estou fazendo o que faço hoje, é porque tenho planos e acredito, embora eu aja tão sistematicamente quanto é possível.

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2 comentários

  1. Boa postagem, mas não faz muito bem o meu estilo
    ainda assim, parabéns, vi teu link na comu Escrever do orkut, depois passa no meu blog
    http://nossocaffelatte.blogspot.com

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  2. a verdade é que a vida é simples nós é que tendemos a complicar, a questionar, a duvidar, a achar que destino tem tudo a ver com os erros que cometemos. Você escreveu de forma brilhante inquietações e certezas que passam ou passaram na cabeça de todos! sucessoooo

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