Cooper feito


Conto escrito para o blog Estórias Gozadas e publicado originalmente lá.

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COOPER FEITO
por Wellington Souza


Sempre, todas as manhãs (sejam elas de sábado, domingo ou feriado), como o meu sagrado meio mamão macho, bebo um copo de leite semidesnatado e vou ao parque que fica próximo à minha casa correr. Faço um severo alongamento igual a um que vi no Youtube, feito por bailarinas da antiga União Soviética. Dei um jeito de fazer o download, pois manjo muito de informática, e decorei os procedimentos. Tem até uns velhinhos lá no parque que discretamente me imitam, mas, modéstia a parte, eles não me acompanham quando estico minhas pernas até os meus pés ficarem acima da cabeça, apoiados numa barra, e assim permanecem por um minuto e meio cronometrado. Também faço exercícios de massa muscular como barras, flexões variadas e abdominais. Vou pra lá correr e ver mulher, mas delas falo já – como mestre de cerimônias que se preze, tenho que começar pelo trivial, ambientar o leitor ao diálogo e, depois, pumba!

Dias atrás, quando eu ainda era um desempregado - sim, hoje me considero um profissional liberal mesmo que sem ter firma aberta - mas, quando eu ainda me considerava um frustrado socialmente (não que eu fosse desses babacas depressivos, não): frustrado porque o que eu gostava de fazer não me dava dinheiro e, por isso, trabalhava por algum tempo num emprego diurno, com dizem os americanos, até juntar dinheiro para ficar outro tempo fazendo somente o que eu gosto. Dinheiro para comprar mamão, leite semidesnatado e carne. O que é uma vida sem prazeres, afinal? É o mesmo que nada – se você não sente prazer é porque você não dá prazer, e de que serve um homem se não dá prazer a ninguém?

Nesse dia aí, do qual eu ia falar antes de ficar divagando, fiz tudo como de costume. Tomei o café da manhã, corri até o parque, me alonguei trocando olhares com as mulheres, depois fui para a corrida. No alongamento de depois do Cooper feito, foi que vi as duas: uma sentada no banco e a outra deitada, com a cabeça no colo da primeira. Eram mulheres jovens e, certamente, estavam matando aula, pois usavam uniforme de uma escola particular que fica próxima daqui. Não eram lá muito bonitas, mas intimidade e isso me enfeitiça. Não titubeei, postei bem em frente a elas e comecei minha sessão de alongamento e olhares fugazes que, depois, tornaram-se voluptuosos. Elas começaram a dar risadinhas, mas o ponto alto do flerte foi quando a que estava sentada começou a acariciar a barriga da deitada. Não aguentei.

“Vocês têm horas?”. “Tenho, sim, peraí” “Dez e seis”, a outra respondeu. “Obrigado, é que meu relógio quebrou...”. Silêncio e olhares. Elas seguravam o riso, mas não deixavam de me encarar. Nunca fui muito bom de xaveco, dessas conversas moles que os homens desenvolvem para mostrar às mulheres que são capazes de lhes dar proteção e prazer (nesta ordem). Agachei-me e apoiei o cotovelo no joelho da que estava sentada, sem tirar os olhos de seus olhos. “Você está todo suado!” “Suado e salgado”, respondi. Sei que foi idiotice, mas menos idiota que ficar calado. “Credo!” “Ah, outro dia você disse que eu estava salgada e se lambuzou toda”, interveio a deitada, “Pare de falar assim com o moço!”

Ah, nessa hora meu coração foi a mil. E olha que a adrenalina não costuma fazer muito efeito no meu corpo, ainda mais após um treino puxado como foi o de hoje, mas, dessa vez, fiquei fervendo, mesmo. “Quero as duas”, eu disse, sem piscar. Elas se riram.


Resumindo, me passaram o endereço da casa de uma delas e marcamos para o dia seguinte, às três da tarde, pois é hora que a doméstica do apartamento vai embora. Era só chegar à portaria e falar que era o técnico de informática. Elas queriam que eu falasse que era o encanador, mas não tenho nem cara nem idade de encanador e, se tem uma coisa que faço que se aproxime de uma profissão, essa coisa é trabalhar o físico e a mente de computadores.

No outro dia, peguei leve no treino para ter energia para as duas. Já fiz isso antes, mas é sempre uma missão bolivariana conquistar dois continentes de forma satisfatória. Arrumei-me, coloquei a camiseta regata da sorte e fui. Na portaria, falei o combinado: “Sou Aldebaran, técnico de informática”. “Já estava avisado que chegaria, pode subir.” Essa foi fácil, pensei, mesmo usando meu nickname. Mas, quando estava passando em frente à cabine, ele ainda me perguntou sobre a pasta com o material de trabalho. Nunca respondo nada rápido, mas dessa vez fui ligeiro e me alegro até hoje por ter falado que era apenas um orçamento de análise de hardware. Quanto mais difícil a resposta, mais entendida ela é, disso sempre eu soube e não importava que troquei software por hardware – que se dane.

Conferi o número do apartamento antes de tocar a campainha, estava ok. Respirei fundo e pumba! Mas aí começou minha confusão mental: por que diabos uma senhora de meia idade, vestida de roupão, abriria a porta, sorrindo? Três já é demais, pensei. Que fosse isso... mas elas poderiam ter me avisado que entrou mais uma na jogada. “Entre, por favor”. “Com licença”. “O computador fica lá no quarto, você prefere consertá-lo lá ou aqui na sala, mesmo?” Não esperava essa pergunta, então escolhi o quarto, depois de hesitar um pouco. “Vocês cobram adiantado, não é? O dinheiro está aqui em cima, pode pegá-lo e guardá-lo. Mas se solte um pouco mais, até parece que nunca consertou um computador antes!” O sorrisinho faceiro dela e a entonação que dava à palavra computador me deixavam ressabiado. Resolvi, então, perguntar “E as meninas que chamaram os meus serviços... acho que precisarei delas para arrumar o computador” .“Ah, sim, elas estão no cursinho pré-vestibular. Mas o computador que precisa de reparo é o meu”. Daí, a ficha realmente caiu. Não estava querendo acreditar, mas era fato, as danadinhas (e a danadona) me deram um golpe. Eu era, definitivamente, um puto. Estava já me voltando para ir embora, indignado, quando vi as três onças em cima da mesa. ‘Afinal’, pensei, ‘de que serve um homem se não dá prazer pra ninguém?’.

Enchi o peito de ar e fui para cima da La Vecchia Signora. No quarto, a primeira coisa que fiz foi fechar a janela, afinal, o que os olhos não veem o pau não recusa. Mas ela tratou de acender a luz para “ver esse seu corpão que, durante uma hora, será meu”. E foi mesmo. Ela é alucinante. Tem um domínio técnico apurado que promove uma transa sistemática com tudo sob controle – causa e consequência.

No quesito libertinagem, as mulheres mais experientes dão um banho nas mais mocinhas. E isso fascina todo homem que sonha reproduzir todas as sacanagens acumuladas em anos de filmes do gênero. E o buraco símbolo dessa distinção entre as idades femininas é o ânus. Uma mulher pode se considerar amadurecida quando tem segurança o suficiente para compartilhar esse laço estreito com o homem que escolheu para ser seu naquela noite. Não é questão de ser promíscua, e sim de aceitar toda forma de prazer sem ter a preocupação maior do que os outros irão pensar a seu respeito. E, nesse quesito, meus amigos, essa dona daria aula de pós-graduação devido ao trabalho em pesquisa teórica e de campo que sua técnica exige. O controle muscular da cavidade e a sintonia com os movimentos do corpo me fez nunca desejar que o gozo chegasse e parte de mim caísse fraca, flácida, encolhida em si mesma. Mas, quando esse ponto chegou e eu não pude segurar, a capacidade altruísta dessa senhora foi tamanha que essa mesma parte de mim nem sentiu o baque da energia dissipada no momento máximo do futebol, e aguentou outra partida sem tempo técnico.

Enfim, o cu perfeito.

Quando estava esgotado, ela me avisou que havíamos passado da hora cheia, que é de praxe nesses serviços. “Como é a primeira vez que arrumo seu computador, a prioridade é a satisfação da cliente.” Ela sorriu e pude prestar atenção à sua face rechonchuda e aos dentes manchados de nicotina e, mesmo nessa situação, de puto de uma dona de casa infeliz, sorri de volta. Afinal, de que vale um homem se não...

Vestindo-me, perguntei qual era a jogada com as meninas. “Pedi três vezes para elas me arrumarem um garanhão nas academias da redondeza. Mas, das duas vezes, vieram saradões que tinham, por assim dizer, disfunção erétil de origem emocional e não cumpriram bem o proposto. O outro não quis fazer o serviço. Então, dessa vez, pedi que elas fossem ao parque estadual.” “Mas quem são elas?” “Ah, elas moram aqui no condomínio. Em troca desse favor deixo que elas usem um dos quartos para brincarem em paz.”

Deixei meu telefone com ela e pedi que me indicasse para amigas. Já me acostumara com a ideia – o ser humano se adapta a tudo, dizem. Como ela dissera que não tinha amigas na mesma situação, então falei que tudo bem. O dinheiro que ganhei nessa tarde investi em propaganda, afinal, essa é a alma do negócio, não? E deu certo, foi assim que arrumei uma profissão que me permite fazer o que mais gosto. Só adicionei amendoim e catuaba à minha dieta.

E serei eternamente grato àquele cu perfeito.

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5 comentários

  1. Rapaaaaiz, coloca aquele aviso de "vc quer mesmo continuar nesse blog, tem certeza, ohhh, vê lá hein, ultima vez, vc teeem certeeeeza?" rsrsrs... Oo

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  2. É, vou passar a correr todo dia, pra ficar com o cooper feito, rs.

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  3. hehehehe bom texto!!

    Minha chance é zero de conhecer alguma no parque. ja que nunca faço exercicio!! hehehehe

    To te seguindo camarada. Sempre que possivel estarei comentando.

    Abss

    http://www.estilodistinto.com/

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  4. oi tudo bem?
    a celly dissse para eu te procurar..

    tem um conto que que eu queria mandar para o benfazeja..

    esta no marcador A menina que nao tinha sonhos..

    ou em recanto das letras..

    vc pode ler e me diser o que acha do conto?

    abraços..


    http://papiando-adoidado.blogspot.com/search/label/A%20menina%20que%20n%C3%A3o%20tinha%20sonhos

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