Herança de cachorro

Conto

Não sei até quando ficarei acabando, endurecendo. Será que quando parar de vez de enxergar os bichinhos enfileirados e de ouvir os Grandes baterem o portão ficarei como a mesa ou a cadeira? Balançar o rabo está cada vez mais doído.

Será que há uma cerimônia em que me farão mobília, como quando os humanos se juntam com balões e cercam a mesa, apagam a luz e gritam? Um monte de coisa nova aparece depois. Possível. A ração acaba. A gente não pode acabar. O dia escurece e todos quietam, mas logo a luz os anima. Os ressuscita.

Com o vovô aconteceu algo estranho. Ele estava acabando, também, principalmente depois de vir morar aqui. Antes, sorria, mas, daí ,passou a só ficar deitado. A tigela era comida na cama, comida não, bebida : só caldo. Ficou um tempo assim até o levarem embora e todos entristecerem de nem brincarem comigo (nessa época ainda brincávamos).

Dias depois foi tanta choradeira, corre-corre, e passaram noite toda fora. Na volta, trouxeram um relógio bem grande. Acho que o vovô virou relógio, pois sempre grunhem ‘vovô’ e ‘relógio’ seguidos.

Deve ser isso. De certo, me transformarei num puff  para eles se esparramarem na sala.





Não, não. Não me esqueci da senha do Blogspot, não. Apesar das duas semanas sem me dedicar ao teclado, ainda continuo em pé e inquieto.

Vamos às novas, depois, mini-conto.

A good news everyone é que me empregaram. Depois de quase seis meses lutando comigo mesmo, me preocupando apenas em não ter preocupações "maiores", enfim surgiu um patrão. Para quem ainda não sabe, sou "formado" (" pois não sou formado formado, tenho que entregar a monografia ainda) em Economia e estou fazendo análises da "saúde" da empresa. O trabalho é puxado, fico fora de casa das oito da manhã às oito da noite, mas estou feliz. O ambiente lá é ótimo, respondo direto ao diretor da empresa (de importação e distribuição). Mas ainda estou no período de experiência, por isso, "pisando em ovos"!

Apesar disso, ainda não me sinto completo. Sabem quando se come em restaurante e falta algo na parmegiana? Um tempero, um coentro e você degusta o prato se lembrando da que sua mãe ou sua tia fazia (ou faz). Dizem os budistas que a origem do sofrimento humano está nos desejos de ter alguma coisa e de vir a ser alguém. Somos insaciáveis e frustrados (não sempre, mas quase sempre). "Eita vida besta, meu Deus".

O Raul traduziu uma música do Jay Vaquer muito boa.

"Que é que você quer ser quando crescer?Alguma coisa importante?
Um cara muito brilhante?
Quando você crescer!
Não Adianta, Perguntas não valem nada
É sempre a mesma jogada, um emprego e uma namorada
Quando você crescer"


O restante da música está no link AQUI


No mais está tudo OK. E com vocês, também??


Continho escrito para a Oficina de Escritores da revista Samizdat, organizada pelo Volmar (V.). Não achei que ficou dos melhores, mas...

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