Sabem?

Sabe quando dá vontade de gritar e todo o mundo está dormindo?

Sabe quando você acha que vai dar certo e, quando vê bem, vê que não tem como dar? E depois vê que nem existiu o que você via.

Sabe quando você sonha que estava em Ribeirão Preto, mas andando de carro em São Paulo com uma guria e indo para um supermercado. E o trânsito está horrível, e você xinga todo mundo (de colocar a cabeça para fora da janela e mandá-los para as "putas que os pariu"). E, logo depois, encosta a cabeça nos ombros da gaja e beija manso. E segue dirigindo. Mas quando, enfim, chega ao supermercado (que já é de Ribeirão, de novo) ela fica no estacionamento conversando com uns caras vestidos todos de preto (não gosto quando as pessoas se vestem de preto, me sinto mal ao lado) e você entra e compra um fardo de Skol (sendo que prefere Brahma). Ela deve gostar de Skol. Quando sai vai direto para o carro e, dali, para casa, como se a jovem nunca tivesse existido (como, de fato,nunca existiu. Ou será que devemos contar a existência em sonho?) Mas nunca a vi. Lembra-me da pequena do Forró da Lua Cheia, mas era diferente. Meu sonhos são mudos, o que dificulta a identificação.

Sabe quando você não volta do sonho? Lembra, de vez em quando, que isso tudo não é um sonho, mas logo volta a se esquecer.

Sabe quando você acha que a Mega-sena não resolveria os seus problemas?

Sabe quando você toma um comprimido de Êxtase e vive a melhor noite da sua vida? Na verdade, a pergunta é se você sabe como é triste o dia seguinte. Não pela ressaca - que é quase zero se você não ingerir álcool - mas pela nostalgia de saber que aquele dia nunca mais voltará.

Sabe quando você quer ficar a noite inteira escrevendo mas sente que ninguém terá saco de ler? Ops, tenho a impressão de que uma pessoa lerá.

Sabe quando você tem a ideia de fazer uma promoção bacana, só para as pessoas que estão à sua volta terem esperança e serem felizes?

Sabe quando dá vontade de descascar cebola só para ter um álibi?

Sabe quando você não sabe o que está sentindo?

Sabem?



Drummond disse, uma vez, que a sua maior satisfação era quando alguém lhe dizia se sentir confortável ao ler um poema seu. Nem alegre nem triste: confortável. Confortável em saber que mais alguém no mundo sentiu aquilo que ele sentia e que conseguiu superar. Sobreviveu. Brincou com os netos. Me sentiria confortável em saber (ou acreditar) que mesmo não sabendo de nada, brincarei com meus netos.

P.S.: No geral, sou um cara agradável, amável, educado. Sei fazer piadas oportunas. As mães das minhas amigas me querem para genro. Sei ser romântico (embora todas as vezes que fui, foi para contornar alguma situação adversa) e chegar sorrateiro por trás e dar susto. E depois beijinhos no cangote. Enfim, procuro disfarçar bem o cara taciturno… 
Só estava com a guarda-baixa e achei o momento propício para escrever aqui.


Um grande abraço a todos. Um grande beijo a todas.

E votem em mim.

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8 comentários

  1. Sei sim.
    Gosto de posts assim. Uma coisa meio que saber da vida dos outros, de forma sutil (sem ser fofoqueira... rs). E ficou bem legal o blozine hein.
    Realmente a mãe das suas amigas querem você como genro...hehehe.
    Bjo

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  2. Justamente que eu tinha certeza que leria!!! rsrsrs

    Fazia tempo que não postava algo assim, né?

    Estou com saudade já!

    Bjão

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  3. Muito bom teu delírio cotidiano. Parabéns!!!

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  4. "As mães das minhas amigas me querem para genro"

    ahahahaha,eu adorei a liberdade com que você expressa e escreve tudo de forma simples mas muito criativa.
    você está de parabéns

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  5. adorei, ficarei por aqui. Está convidado a voltar sempre.

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  6. Acredito que existam momentos não de infelicidade ou insatisfação. Momentos em que não se sabe (ou é inútil) explicar o porquê de uma cara mais séria, dura, taciturna...
    Ninguém é capaz de explicar, nem mesmo para si. E o post ficou bom por isso mesmo.

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